21 agosto 2008

Semana de História na Unesp


Ontem participei da Semana de História na minha universidade. Participei na Sessão Coordenada "Historiografia e cultura política" com o trabalho: "Rituais de consagração na imprensa de Minas Gerais: uma abordagem interdisciplinar da política no Triângulo Mineiro (1940)". Nessa sessão eu acabei falando mais dos meus referenciais teóricos: Girardet, Balandier, Starobinski, Bourdieu e um pouco de Thompson e Geertz. Eis aí o resumo publicado nos anais:

Rituais de consagração na imprensa de Minas Gerais: uma abordagem interdisciplinar da política no Triângulo Mineiro (1940)


Nos anos 1940, a imprensa do Triângulo Mineiro existia basicamente para que os as elites econômicas, políticas e intelectuais da região pudessem trocar elogios públicos entre si. Na prática, o jornalismo regional era pouco mais do que uma infindável coluna social que, longe de expressar uma delicadeza desinteressada, funcionava como uma bolsa de valores onde se especulava a cotação das reputações individuais e familiares. E era precisamente essa função que tornava a imprensa indispensável para os projetos políticos daqueles seletos grupos sociais à procura de legitimação, pois os jornais eram um dos principais palcos onde as elites exerciam o seu poder simbólico sobre a sociedade. Ao estudar os recursos retóricos pelos quais a imprensa de Uberaba (MG) atribuía admiração pública aos membros daqueles grupos, observamos que, mais do que apenas satisfazer ao narcisismo das elites, o noticiário jornalístico forjava marcas simbólicas para que os indivíduos assinalassem sua distinção social, legitimassem sua liderança e, por conseguinte, circunscrevessem as oportunidades sociais e políticas a um conjunto bastante restrito de cidadãos. Para estabelecer essa análise foi preciso trazer para a história cultural referências da sociologia, da antropologia política e da teoria da literatura, sobretudo através de autores como Bourdieu, Balandier, Baczko e Starobinski.

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