29 março 2020

�� PODCAST - NEUROMITOLOGIA: Uma Nova Invenção do Neuromarketing? Um diál...







NEUROMITOLOGIA DO
CONSUMO: UM NOVO CONCEITO

A neurociência trouxe
a dimensão biológica das motivações para o consumo. A mitologia contribuiu com
os estudos dos afetos, emoções e memórias culturais que agem coletivamente no
comportamento de consumo. Neuromitologia, portanto, é a união entre o passado
(mitos) e o futuro (neurociência e tecnologia) para compreender hoje o
consumidor e o universo mágico do consumo.

Diferentes
estudos em Psicologia e Antropologia já apontaram que a matéria-prima do mito e
do inconsciente coletivo são os arquétipos. Inconsciente coletivo e arquétipo são
dois dos mais conhecidos conceitos desenvolvidos pelo psiquiatra suíço Carl
Gustav Jung.

Ou seja, os mitos
e o inconsciente coletivo possuem algo em comum, o arquétipo, elemento
localizado na mente entre o instinto e a razão com os quais todo ser humano nasce.
Em outros termos, nosso cérebro não vem ao mundo como se fosse uma página em
branco, já vem com alguns “mapas” traçados para guiar nosso comportamento.

O arquétipo é a
estrutura do mito. Em muitas pesquisas qualitativas sempre se ouviu dos
consumidores que as narrativas míticas são atraentes, magnéticas, mágicas,
emocionantes, que apontam para algo maior, grandioso. Jung definiu tudo isso
numa palavra: numinosidade. Para ele, o mito é “numinoso”, que pode ser
interpretado como algo “epifânico e mágico” ao mesmo tempo.

O arquétipo faz
parte de um sistema cultural – o sistema mítico, que foi conceituado na tese “Linguagem
e mito no filme publicitário” (2011) e atualizado no livro “Mito e filme
publicitário: estruturas de significação” (2013). O sistema formado por
arquétipo, ritual, tempo, magia e a narrativa – o suporte da fala mítica – é
uma estratégia para continuar circulando na cultura. O mito é um tipo de
“meme”, isto é, um gene cultural na visão de Dawkins.

O conceito de
Mitologia de Marca eu já aplicava nas consultorias. Era justamente utilizar a
favor do branding o sistema mítico que resgata e associa uma carga de emoções, memórias,
afetos, conexões culturais e simbolismos que dizem algo para o consumidor. Algo
maior, que vai além do produto e da marca e cria fidelidade.

O conceito de Neuromitologia
do Consumo surgiu este ano ao iniciar em minha pesquisa de pós-doutoramento. Pela
primeira vez no mundo (sim, é isso mesmo, uma pesquisa realmente inédita!) vou
realizar testes neurocientíficos do mito, conhecer de fato quais são seus
efeitos neurobiológicos no comportamento de consumo e desvendar mais uma faceta
das motivações do consumidor. Apenas quero verificar se aquilo que eu já sabia
na prática acontece de fato, que a narrativa mítica aplicada ao storytelling de
uma marca gera emoção, memória, sinapses com muita dopamina e ocitocina.

Apresentei esse
conceito, ainda nos primeiros passos da investigação, no curso de
Neuromarketing do Instituto Brasileiro de Neuromarketing e Neuroeconomia que
aconteceu dia 15 de fevereiro, em Curitiba. Pela receptividade do público já
entendi que estou no caminho certo.

Assim, finalizo
dizendo que Neuromitologia do Consumo é a gestão da jornada do consumidor por
meio do sistema mítico de uma marca operando estrategicamente com os
conhecimentos da neurociência.

E que venha a
pesquisa acadêmica para fazermos diferença no mercado e para a vida das
pessoas!

Hertz Wendell

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