26 setembro 2020

Uberaba: A Metrópole Imaginária (Teaser)





Este é o teaser do meu novo livro de História Cultural. A Metrópole Imaginária explica as dinâmicas de uma sociedade que aprendeu a encenar ideais de civilização para se arrogar ao privilégio de exercer a violência contra a população. Veja em: https://www.catarse.me/metropoleimagi...

Por meio de uma complexa dinâmica de autoelogios circulares, os personagens ilustres daquela cidade confirmavam o prestígio social uns dos outros para legitimar as violências empregadas para sustentar o ideal de civilização que animava aquele imaginário.

Resultado de 10 anos de pesquisa em milhares de documentos, o livro oferece uma nova interpretação da sociedade interiorana.
A tiragem é limitada. Veja como garantir um exemplar e venha entrar na História!

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SINOPSE
Em Uberaba, no interior de Minas Gerais, as elites agrárias, urbanas, ilustradas e políticas que animavam as associações culturais, os clubes recreativos e as solenidades públicas em meados do século XX aprenderam a ignorar o caráter semirrural de sua empobrecida comunidade, para encenar uma vida de requinte cosmopolita. Porém, o objetivo dessa teatralização não era satisfazer vaidades pessoais, mas provocar o deslumbramento dos conterrâneos para naturalizar as violências perpetradas sob o discurso da civilização. A partir da perspectiva da História Cultural, o livro explica as artimanhas empregadas na criação e consolidação desse imaginário, tais como o comércio simbólico de autoelogios circulares nas colunas sociais da imprensa local e o teatro de homenagens que atribuíam valores superestimados aos membros daquele circuito, enquanto as figuras indesejáveis eram estigmatizadas. Um livro indispensável para o estudo da manipulação de narrativas no campo das ideias políticas e dos mecanismos de poder simbólico no contexto brasileiro.

APRESENTAÇÃO
A metrópole imaginária conta a história do complexo circuito de autoafirmação que as elites da cidade de Uberaba (MG) confabularam em meados do século XX para criar a ilusão (e nela acreditar) de que viviam em um centro urbano privilegiado, prestes a irradiar cultura, elegância e civilização para todo o Brasil. Para isso, em um processo dinâmico de invenção das tradições, esses atores sociais, conscientes de que precisavam dominar uma série de recursos dramatúrgicos para encenar essa idealização – tais como palcos, cenários, figurinos, poses e discursos –, aprenderam a manipular toda uma trama de narrativas e transformaram o noticiário da imprensa local em uma verdadeira ficção consentida. Contudo, ao lado da aparentemente inofensiva linguagem dourada nas colunas sociais, a obsessão por toda aquela teatralização se revela como uma prática política deliberada para firmar valores, obter consentimentos, distribuir e confirmar papéis sociais, circunscrever os símbolos de prestígio, consagrar figuras públicas, estigmatizar os grupos indesejáveis e, por fim, legitimar as violências físicas e simbólicas perpetradas naquela cidade empobrecida e desigual. Nesse sentido, em uma confirmação involuntária de suas ilusões de grandeza, aquelas elites decadentes e impotentes tornaram-se um exemplo paradigmático de um país aprisionado em uma triste ficção: um limbo entre a nostalgia e a utopia.



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