08 setembro 2008

Ensino religioso em Uberaba

Li há alguns dias a dissertação de meu colega de doutorado, José Eduardo Bittar, sobre educação religiosa em Uberaba. Foi bastante útil para compreender a influência do conservadorismo católico na sociedade uberabense no início do século XX. Com essa dissertação foi possível fazer um bom debate com a obra de Orlando Ferreira.
Bittar cita vários textos católicos alucinadamente moralistas, mas um é tão extraordinário que vale a pena citar até aqui no blog.

Em um artigo publicado no Correio Católico em 6 de janeiro de 1945, o padre José Batista fez críticas apocalípticas ao ensino laico. Como uma advertência ao futuro, o relgioso advertiu severamente que se a sociedade permitisse escolas sem ensino religioso o futuro da juventude seria tenebroso. O texto é uma delícia de retórica ultramontana. Eis o trecho:

(...) apenas deixemos que no dia do amanhã faça sentir a eles mesmos, na própria pele, o quanto andam enganados, depois eles nos dirão se é preferível adotar o regimem em que o aluno faz o que entende satisfazendo na íntegra seus instintos rebeldes e dando asas à maldade congênita do que está possuída toda natureza adolescente, sem direção alguma, sem freio algum, sem a menor severidade, sem nada que a chame ao caminho do dever, no mais livre pandemônio, na mais completa liberdade, ou se vale a pena adotar o método educativo católico em que o aluno obedece conscientemente de forma racional, longe de lhe fazer o que lhe sugere a ardente imaginação turbulenta. O amanhã nos dirá, embora tardiamente, a realidade última desses métodos extremamente dulçurosos, moderníssimos, pois esperar um dia depois do outro, é melhor. (1)

(1) EDUCAÇÃO e preconceito. Correio Católico. Uberaba, 6 jan. 1945.

Nenhum comentário: