Acabei de receber a carta de aceite para participar no II Congreso Internacional Ciencias, Tecnologías y Culturas, evento muito interessante das Ciências Humanas e Sociais, que será realizado na Universidad Santiago de Chile. Vou apresentar parte de minha pesquisa de doutorado no simpósio Literatura e conhecimento: interações éticas, estéticas e epistemológicas.
Eis aí o resumo de minha participação:
“O teatro social da consagração pública: ficção social e poder simbólico no interior brasileiro”
O artigo analisa os procedimentos teatrais que as elites agrárias, políticas, econômicas e intelectuais do interior do Brasil empreendiam para conquistar admiração social, impor sua distinção e circunscrever os símbolos de prestígio a fim de, por um lado, restringir a participação política a um grupo específico de atores sociais e, por outro, legitimar o uso da violência sobre os demais habitantes. Para isso, efetuamos um estudo de caso para investigar os recursos dramatúrgicos que esses personagens utilizavam para encenar uma ficção social e firmar o seu poder simbólico no contexto de uma cidade semirrural interior de Minas Gerais nos anos 1940. Um teatro da consagração pública, tal como notamos, se constitui por meio de uma permanente encenação coletiva de um conjunto de atores sociais que, em uma verdadeira construção literária da realidade, se enredam em uma dramaturgia coletiva para disputar o privilégio de representar determinados papéis e, consequentemente, de receber a maior parte dos aplausos. Esse empreendimento implica em construir o cenário, armar o palco, elaborar personagens, acomodar os atores, articular a trama e definir o público, estabelecendo, assim, as condições objetivas da confabulação. Para isso, o trabalho parte da perspectiva da história cultural, da antropologia política, da sociologia do conhecimento e sugere uma aproximação interdisciplinar com a teoria da literatura.
A programação completa está disponível no link http://bit.ly/internacionaldelconocimento
Os resumos estão disponíveis na página do simpósio Literatura e conhecimento: interações éticas, estéticas e epistemológicas.
Esse tema tem me fascinado muito. A vida é um grande teatro. E é necessário descontruir os recursos dramatúrgicos que as pessoas empreende para exercer o poder.
Não é á toa que a epígrafe da minha tese é o seguinte trecho do Georges Balandier:
"É preciso encontrar novas terapias capazes de tirar os homens do efeito das fascinações e reensinar a eles a governar as imagens e a não suportar que elas sirvam à captura de sua liberdade."
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