25 agosto 2017

Resenha de Get Me Roger Stone





Eu não podia deixar de compartilhar com vocês as minhas impressões sobre um documentário importante que foi lançado recentemente, e tem no Netflix. Get me Roger Stone, dos diretores Morgan Pehme, Dylan Bank, Daniel DiMauro.

Em síntese, Roger Stone é um estrategista político presente nas campanhas presidenciais americanas desde a era Nixon. Para vocês terem uma ideia, o cara tem uma tatuagem do Nixon nas costas. Roger Stone atuou também nas campanhas do Reagan e foi uma figura importante no início da campanha do Trump. E um consultor informal durante todo o período. Ele foi demitido da equipe, mas continuou apoiando Trump, e o documentário levanta algumas hipóteses sobre isso.

Uma coisa que chama a atenção é o orgulho que ele tem pela absoluta falta de escrúpulos. O documentário mostra como que mentiras deliberadas são utilizadas, de forma torpe, para confundir os eleitores, para transformar frustrações genéricas em ódio aos adversários políticos e mostra como as regras do jogo em campanhas eleitorais são absolutamente sórdidas. O documentário mostra os estrategistas políticos distorcem informações, manipulam o sentimento das pessoas, disseminam mentiras que eles sabem que são mentiras, tudo para sujar a reputação do outro e ganhar a eleição, não na disputa de propostas, mas pela pura deslealdade.

Para Roger Stone, ética e moralidade são interpretadas como fraquezas. Ele é desses caras que não ligam a mínima se ele é odiado por ser um mal caráter declarado. A fala final do documentário é impressionante. O documentarista pergunta: Qual mensagem você teria para os espectadores deste documentário que vão te odiar depois de conhecê-lo. E ele diz assim:

Eu me deleito com o seu ódio. Porque se eu não fosse eficaz, você não me odiaria.

Esse é um documentário importante para gente se vacinar contra essas mensagens distorcidas e manipuladas criadas por marqueteiros contratados por partidos e por organizações ideológicas que são disseminadas amplamente em campanhas eleitorais e, agora, em todos os períodos. Parace que a gente está vivendo uma campanha eleitoral permanente. A gente tem que saber que parte significativa do ódio que às vezes a gente cultiva contra os adversários políticos tem origem em mentiras puras, em manipulação de preconceitos, em calúnias. Frequentemente a nossa aversão, a nossa repulsa, o nosso nojo por este ou aquele candidato é fruto não de uma discordância política real, mas de uma manipulações de emoções que tem pouco a ver com política.

Documentário importante nesses tempos de pós-verdade. Recomendo amplamente.

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